Introdução
Injustiça social não tem época. Parece
onipresente e atemporal. Ao ler o livro de Amós, temos a sensação de ter sido
escrito em nossa geração. Este documento que faz parte das Escrituras dos
judeus e dos cristãos é um grito de protesto contra a injustiça, opressão e
indiferença. Amós foi um homem corajoso. Denunciou os abusos sociais dos homens
poderosos de sua época. Não se intimidou com os perigos de se levantar contra
reis e sacerdotes. Protestou contra a diferença polar na distribuição de
riqueza. Censurou a hipocrisia e a prática religiosa destituída de amor,
misericórdia e justiça. Assim, seus vaticínios são usados por profetas, poetas
e socialistas de todos os tempos, mesmo pelos que nunca conheceram seus escritos,
mas que repetem suas idéias essenciais. E é justamente nesse livro que vou
fazer umas breves colocações para os nossos dias.
LIVRO
DO PROFETA AMÓS
O
profeta inicia as suas profecias com críticas às nações pagãs. Damasco (1.
3-5); gaza (1.6-8); Tiro (1.9,10); Edom (1.11,12); Amom (1.13-15) e Moabe
(2.1-3). Até este momento, Amós talvez estivesse sendo elogiado por Israel.
Pois ele está trazendo uma mensagem dura para os inimigos e opressores do povo
de Deus. Mas de repente, o profeta acrescenta ameaças a Judá e a Israel, em seu
pesado discurso (2.4-6), e a partir daí ele só se ocupará deste grupo.
A
mensagem de Amós é de justiça social. Aquele tipo de mensagem que ninguém quer
mais ouvir nas igrejas atuais. É que em nossos dias as pregações e eventos que
muitos desejam ver e ouvir, são de cunho egocêntrico. para muitos já não
importa se na igreja local existem necessitados ou não, nem o que se faz antes
de chegar até a igreja, se magoou alguém em casa, ou fora dela. Já não importa
se brigou com amigos ou vizinhos. Para este tipo de crente, ele pensa que Deus
não se importa com o que ele faz, ou com o que ele diz, o que ele quer, é ir à
igreja, e Deus tem que falar para ele palavras de prosperidade. Diante disso,
questiono onde estão os Amós de nossos dias, que denunciam as desigualdades
sociais, os abusos sobre o próximo? Onde estão os pregadores da justiça social
e de uma vida sincera diante de Deus, e do próximo? O profeta Amós enfatizou o
declínio moral e social do povo de Deus. Eles tornaram-se insensíveis uns para
com os outros. Além disso, a prostituição era uma prática de velhos e jovens,
com as prostitutas dos templos (Am 2.7); proibiram aos profetas de Deus de
revelarem as suas profecias (Am 2.12). Por causa disso e de outras coisas mais,
ninguém escaparia da ira de Deus.
Do
capítulo 3 à 6 fica bem claro com quem ele está proferindo suas revelações
divinas, e o quanto Deus está insatisfeito com aqueles que ele havia tirado da
terra do Egito. Israel havia pecado contra o Senhor, e como consequência, eles
deveriam ser castigados. Amós tem com ele uma dura mensagem. E ele faz questão
de ser ouvido, pois o que a ele fora revelado é divino e urgente. Todo efeito
tem causa. Seu aparecimento em Israel, também tinha a sua causa. As ilustrações
apresentadas por ele são quase todas tiradas do deserto e da agricultura.
“andarão dois juntos? Bramará o leão? Cairá a ave? tocar-se-á a trombeta?” (Am
3.3-6); por meio de tantas interrogações, Amós chega a o verdadeiro ponto onde
queria chegar: “falou o Senhor Jeová, quem não profetizará? O ponto chave da
seção é este, seu aparecimento em Israel tinha a sua causa. Deus havia falado a
sua alma, agora ele é um profeta, e não pode deixar de falar. Ele não escolheu
ser profeta, ele foi escolhido. De volta agora, pra a mensagem do recém
ordenado profeta, vejamos um dos motivos porque Deus havia lhe chamado. As
injustiças sociais se avolumaram; a arrogância do economicamente poderoso; como
também o oprimido e o menos favorecido, estavam sendo vistos por Deus. Enquanto
o povo de sua época ocupava-se com problemas litúrgicos assim como algumas
igrejas de hoje. Deus estava olhando para os problemas sociais, para um pecado
que muitos não veem: a exploração e opressão ao pobre. É que a falsa
religiosidade que desassociava o culto das suas relações com os outros, é
repudiada por Deus. Deus se interessa
tanto por cânticos, como por relacionamentos sadios e corretos. Dizer isto para
eles trouxe problemas para Amós (Am 5.10). que bom seria se todos os pregadores
fossem como Amós, ele não era do tipo que massageava ego de ninguém. Talvez por
isso ele seja tão pouco mencionado nos púlpitos de hoje. É que alguns não vale
apenas pregar como este profeta corre-se o risco de desagradar algumas pessoas,
que tenha o dízimo volumoso, mesmo que estes vivam em pecado. A pregação de
Amós é de juízo, por causa da idolatria e de outros pecados. O profeta mostra
que Israel havia entronizado a violência, como extorsão, e o abuso aos pobres
como um meio de vida. Ao mesmo tempo em negava que o dia do juízo estava
chegando. Mas os primeiros a irem a cativeiro seriam eles; não haveria
escapatória. Deus iria levantar a Assíria contra eles.
Nos
capítulo 7 ao 9 podemos observar cinco visões de destruição. Após as duas
primeiras, a do gafanhoto e a do fogo, o profeta Amós pede a Deus que perdoe o
seu povo, em consequência de sua intercessão, Deus aceita o seu pedido. Algumas
pessoas em nossos dias intitulam-se profetas do Senhor e proclamam ter a voz
profética, acreditando que por fazer denúncias ou acusações a alguém, possuem
este ministério de profetizar. Amós mostra que um profeta é também um
intercessor. Os ditos profetas da atualidade, muito têm o que aprender com o
verdadeiro profeta Amós. Que não era apenas um acusador, era também um
intercessor do povo. Mas os pecados das pessoas eram terríveis de mais. Também
nestes capítulos está registrado um bate-boca entre Amós e o sacerdote Amazias.
Aqui o profeta de Deus e a religião oficial, vão bater de frente. Tudo isso por
causa da terceira visão. Amazias distorce a profecia de Amós, além disso, ele
despreza o ofício profético de Amós. Tendo Amazias terminado as suas acusações
contra o profeta Amós, chega a vez de o profeta passar a responder ao
sacerdote, o profeta falava com autoridade de Deus, e não poderia admitir que
tentassem silenciá-lo. Ele originalmente não era um profeta, nem um dos
chamados filhos de profeta. Seu ofício real era o de boieiro e de colhedor de
sicômoros. Mas a Amós não estava a profetizar apenas por profissão em Israel.
Ele tinha recebido um ordenado de Deus. Ele sabia que Deus, o soberano, o
puniria se sua mensagem não fosse real, e jamais correria o risco defraudar o
mandamento de não tomar o santo nome de Deus em vão. Ele também não queria
correr o risco de ser morto, por proferir falsas profecias. É sempre bom
lembrar que tudo o que dissermos, daremos conta de cada palavra diante de Deus.
Em
Amós aprendemos a ser bem prudentes em nossas atitudes. Pois existe um salvador
no céu, que além de ver tudo o que fazemos, ele irá nos julgar segundo as
nossas obras.
Conclusão
Diante
de tudo o que podemos observar nas profecias deste exemplar profeta. Aprendemos
que os vocacionados pelo Senhor não necessariamente necessitam de credenciais
formais ou qualificações, para serem bem sucedidos em cumprir seus propósitos.
E mesmo quando a religiosidade foi maior que o Deus da religião de Israel, o
profeta mostrou que o Senhor conhece todos os nossos passos, e não deixará
impune nenhum pecado cometido contra os menos favorecidos. Pois o Senhor é justo
e sempre está disposto a galardoar os que são de coração puro e reto.
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