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Esta passagem nos fornece informações sobre um moço que tomou
uma atitude de abandonar suas terras onde vivia coma família e sob os cuidados
do seu pai, para viver em completa liberdade, sem precisar prestar contas de
seus atos, numa região distante, junto a um povo com outros costumes e cultura,
levando consigo tudo que possuía, sem deixar para trás absolutamente nada à
espera de um possível retorno. Esta parábola não transmite apenas uma grande
lição, e sim várias lições. E é justamente nessas lições que vamos aprender
nesta noite.
1.
Primeira
lição: encontramos nela um homem
seguindo a inclinação natural de seu coração;
Nosso Senhor nos mostrou um “filho
mais moço” que se apressou em seguir seu próprio caminho, partiu para uma terra
distante, longe da casa de um pai bondoso, e “dissipou todos os seus bens,
vivendo dissolutamente”. Temos aqui um retrato fiel da mentalidade com a qual
todos nós nascemos; Somos semelhantes a esse rapaz. Por natureza, somos
orgulhosos. Não temos prazer na comunhão com Deus. Apartamo-nos dele, indo para
bem distante de sua pessoa. Desperdiçamos nosso tempo, energias, capacidades,
afeições em coisas inúteis. Na conduta do filho mais moço, vemos o coração do
homem natural; assim como diz (Is 53.6) todos nós andamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desvia seguindo seu próprio caminho.
2.
Segunda
lição: vemos nesta parábola um homem
descobrindo, através de amarga experiência, que os caminhos de pecado são
árduos;
Nesta passagem nos mostra o filho
mais moço desperdiçando todos seus bens, sendo reduzido à condição de
necessitado e obrigado a assumir o trabalho de “guarda porco” - A maior das
vergonhas e dos castigos para um judeu era ter que se aproximar ou lidar com
porcos, pois desde a antiguidade judaica esses animais representavam a
impureza, a imundícia e o afastamento total de Deus (Lv 11.7). E sentindo-se
tão faminto, que estava disposto a “fartar-se das bolotas que os porcos comiam,
mas ninguém lhe dava nada”.
Estas
palavras descrevem uma situação muito comum entre os homens. O pecado é um
senhor severo; pessoas incrédulas nunca são verdadeiramente felizes. Professam
serem pessoas de espíritos otimistas e alegres, mas frequentemente estão inquietas
em seu íntimo. Existe uma fome em seu íntimo, ainda que muito se esforcem para
ocultá-las. Todos estão passando por necessidade espiritual. Milhares e
milhares estão enojados em seu coração, insatisfeito consigo mesmo, cansados de
seguirem seus próprios caminhos e completamente intranquilos. Como (Is 57.21)
afirma: “para os perversos diz o meu Deus, não há paz”.
3.
Terceira
lição: vemos nesta parábola um homem
despertando para o senso de sua condição natural e decidido a arrepender-se.
V.v, 17, 18. Milhões de pessoas têm raciocinado dessa maneira
e dizem para si mesmas estas coisas todos os dias. Mas pensar tais coisas não
implica em uma mudança de coração, mas pode ser o começo. Os homens precisam
estar cientes de que não devem limitar-se apenas a pensar. Nutrir bons
pensamentos sempre é bom para a alma, mas não resultam no cristianismo que
salva. Se o filho pródigo não tivesse ido além de pensar, teria permanecido
longe de casa até ao dia de sua morte.
4.
Quarta
lição: vemos um homem se convertendo a Deus
com o verdadeiro arrependimento e fé.
Nosso Senhor nos mostra o filho
pródigo abandonando a terra longínqua onde estava e retornando à casa de seu
pai, colocando em prática as boas intenções que tivera e confessando sem
reservas seu pecado. “E, levantou-se, foi...”.
O
jovem apresenta um autêntico arrependimento e uma conversão verdadeira. O
coração em que se iniciou a genuína obra do Espírito Santo jamais ficará
contente em somente pensar e decidir. Ele romperá com o pecado e abandonará sua
companhia. Cessará de fazer o mal e aprenderá a praticar o bem. Há de
converter-se a Deus com humilde oração e confessará suas iniquidades. Não
tentará justificar seus pecados. Ele dirá assim como Davi em (Salmos 51.3): “Eu
conheço as minhas transgressões”, ou como publicano: “Ó Deus, sê propício a
mim, pecador!” (Lucas 18.13). Acautelemo-nos de qualquer falso arrependimento
que não possui tais características. Agir é a própria essência do
arrependimento para a salvação. (II Co7.10) “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da
qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”.
Sentimentos, lágrimas, remorsos, desejos são inúteis, se não forem acompanhados
por ação e mudança de vida. Pois tais sentimentos cauterizam a consciência e
endurecem o coração.
5.
Quinta lição: O arrependimento sendo prontamente aceito, gratuitamente perdoado e
declarado justo por Deus.
Vv. 18-24, nesta parábola nos mostra em letras grandes, o
infinito amor do Senhor Jesus para com os pecadores. Ensina o quanto o Senhor
está disposto em receber todos os que vêm a Ele e quão completo e imediato é o
perdão que ele está pronto para outorgar. Com diz em (Sl 86.5) “Tu, Senhor, és
bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que invocam”. (Obs:
olhar no rodapé da Bíblia King James n°10).
Conclusão: A ilimitada misericórdia de nosso Senhor deve ser
gravada profundamente em nossa memória e arraigada em nosso coração. Jamais
esqueçamos: ele recebe pecadores. J.C.Ryle
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