Criminoso e o Inocente
Nesta
passagem fala justamente de um ladrão mais afortunado, ou seja, o mais feliz do
mundo. Pois no momento certo recebeu o perdão de Deus. Sua conversão ocorreu
numa época quando, exteriormente, parecia que Cristo havia perdido todo o poder
para salvar, seja a si mesmo ou a outros. Esse ladrão havia marchado ao lado do
Salvador pelas ruas de Jerusalém e o tinha visto sucumbir sob o peso da cruz. É
altamente provável que, como sua ocupação fosse à de ladrão e assaltante, esse
fosse o primeiro dia em que ele punha seus olhos no Senhor Jesus e, agora que o
via, era sob toda a circunstância de fraqueza e desgraça. Seus inimigos estavam
triunfando sobre ele. A maior parte de seus amigos o havia abandonado. A
opinião pública estava unanimemente contra ele. Sua condição humilde foi uma
pedra tropeço aos judeus desde o inicio de sua vida. Mesmo aqueles que tinham
crido nele foram levados à dúvida por causa de sua crucificação. Não havia
ninguém na multidão que estivesse ali com o dedo apontando para ele e gritando:
“Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Todavia, esses obstáculos
e dificuldades no caminho de sua fé, o ladrão reconheceu o senhorio de Cristo e
sua condição de salvador. Como podemos explicar o fato de que esse ladrão
agonizante tomou um homem em sofrimento, sangrando e crucificado para ser seu
Deus? É para ser notado ainda que a conversão do ladrão ocorreu antes dos
fenômenos sobrenaturais daquele dia. Ou seja, antes do véu do templo se rasgar,
antes do tremor de terra e do despedaçar das rochas, antes da confissão do
centurião: “Na verdade, este era Filho de Deus”.
Vamos
aprender alguns ensinamentos diante desta leitura que fizemos.
1. Primeira
lição: depravação humana.
À
beira de adentrar a eternidade, ele se une aos inimigos de Cristo no terrível
pecado de escarnecer dele. (Mt 27.44) foi Cristo que calculadamente escolheu
salvar esse ladrão. Por que a “salvação é do Senhor”. Esse fato demonstra a
depravação humana e de inimizade natural contra Deus. E essa mesma depravação
você herdar também. Você pode não pensar assim, pode não sentir assim, pode não
crer assim. Mas tudo isso não altera o fato. Está escrito em Jr 17.9: “Enganoso é o coração, acima de todas as
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”. E também em Rm
8.7: “Por isso, o pendor da carne é
inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode
estar”. Temos que ser humilhados antes sermos exaltados. Temos de ser
despidos dos trapos imundos de nossa justiça própria antes que estejamos
prontos para os trajes de salvação. Temos de vir a Deus como mendigos, de mãos
vazias, antes que possamos receber o dom da vida eterna. Temos de tomar o lugar
de pecadores perdidos perante ele se quisermos ser salvos.
2. Segunda
lição: incapacidade humana de salvação
A
conversão do ladrão agonizante nos mostra que estamos arruinados, e que não
podemos fazer nada que seja para ajudar a nós mesmos. Todo pecador é incapaz de
operar qualquer melhoria em si própria para se adequar para Deus. Como está
registrado em Tt 3.5: “não por obras de
justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou...”.
O que ele podia fazer? Não podia caminhar pelas sendas da justiça, pois havia
um prego atravessando cada um seus pés. Não podia executar nenhuma boa obra,
pois havia um prego atravessando cada uma das mãos. Não podia começar vida nova
e viver melhor, pois estava morrendo.
3. Terceira
lição: arrependimento e fé
Aqui
vemo-lo reconhecendo sua culpa e a justiça de sua condenação. Ele pronuncia sentença
contra si mesmo. Ele não se desculpa e não tenta atenuar nada. Ele reconheceu
que era um transgressor, e que, enquanto tal, ele merecia plenamente a punição
por seus pecados. Você teve essa posição diante de Deus, ouvinte da palavra de
Deus? Confessou abertamente a ele seus pecados? Está pronto para reconhecer que
a morte é o que você merece? Podemos notar que sua fé era uma fé corajosa. Pois
todos viraram a cara para Cristo. Mas o ladrão agonizante testemunhou da
inocência de Cristo “este nenhum mal fez”, e também confessou o reinado dele.
Que coragem este ladrão demonstrou para testemunhar de Cristo!
4. Quarta
lição:
Aos
vitupérios que foram lançados sobre ele pela multidão, o Senhor Jesus não
prestou atenção. Ao desafio insolente dos sacerdotes para que descesse da cruz,
ele não deu resposta alguma. Mas à oração desse ladrão contrito e confiante
atentou. Nessa hora ele estava em luta contra os poderes das trevas e
suportando a terrível carga da culpa de seu povo, e deveríamos ter pensado que
ele poderia se escusar a atender a petições individuais. O ladrão clamou ao
salvador. Ele poderia ter dito: você merece esse destino: é um assaltante
malvado e é digno de morte. Ou, poderia ter dito: você me procurou tarde demais.
Ele não deu estas respostas; mas cumpriu o que ele prometeu em Jo 6.37: “todo
aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o
lançarei fora.”
Conclusão:
A
salvação do ladrão penitente e crente ilustra não somente a prontidão de
Cristo, mas também seu poder para salvar pecadores. Em 2Cor 13.4 diz que:
“porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo vive pelo poder de
Deus...”. Quando o ladrão clamou no madeiro “Senhor, lembra-te de mim”, o
salvador estava em agonia no madeiro maldito. Todavia, mesmo ali, ele teve
poder para redimir essa alma da morte e lhe abrir os portais do paraíso! Nunca
duvide, portanto, ou questione a suficiência infinita do salvador. Se um
salvador agonizante pôde salvar, muito mais depois que ressurgiu em triunfo da
sepultura.
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