segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cristologia


Introdução


           Desde os primeiros tempos, e mais particularmente desde o Concílio de Calcedônia, a Igreja confessa a doutrina das duas naturezas de Cristo. O concílio não solucionou o problema apresentado por uma pessoa que era ao mesmo tempo divina e humana, mas somente procurou afastar algumas das soluções que tinham sido oferecidas e que eram claramente reconhecidas como errôneas. E a Igreja aceitou a doutrina das duas naturezas numa pessoa, não porque tivessem completa compreensão do mistério, mas porque viu claramente nela um mistério revelado pela palavra de Deus. Para a Igreja ela foi e continuou sendo sempre um artigo de fé, muito acima da compreensão humana. Não faltaram ataques racionalistas à doutrina, mas a Igreja permaneceu firme na confissão desta verdade.
           No século 18 em diante, filósofos e teólogos tentaram individualmente resolver o problema apresentado por Cristo, para poderem oferecer à Igreja um substituto da doutrina das duas naturezas. Tomaram o seu ponto de partida no Jesus humano, e mesmo depois de um século de meticulosa pesquisa, viram em Jesus nada mais que um homem dotado de um elemento divino. Schleiermacher falava de um homem com suprema consciência de Deus; Ritschl, de um homem com um valor de Deus; Wendt, de um homem que estava em continuada e íntima comunhão de amor de Deus; Beyschlg, de um homem cheio de Deus, e Sanday, de um homem com uma invasão do divino no subconsciente, mas para eles, Cristo é e continuará sendo mero homem. Sem reconhecerem como seu Senhor e Deus. Os teólogos importantes e influentes como Barth e Brunner, Edwin Lewis e Nathaniel Micklem, não hesitam em tornar a confessar sua fé na doutrina das duas naturezas. É de a máxima importância manter esta doutrina, nos termos em que foi formulada pelo Concílio de Calcedônia e consta dos nossos padrões confessionais.


A natureza humana de Cristo


Texto bíblico
Isaías 7:14 => Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.
É de toda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar. Ele teria que ser numa só pessoa. Tanto Deus como homem impecável (Hb 7.25 – 26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas exigências. (a) A única maneira de ele nascer como homem era nascer de uma mulher. (b) A única maneira de ele ser um homem impecável era ser concebido pelo Espírito Santo (Hb 4. 15). (c) A única maneira de ele ser deidade, era ter Deus como seu pai.
Através do seu nascimento, Jesus torna possível a verdadeira humanidade sem a herança do pecado.
·         Características das fraquezas e limitações humanas na pessoa de Cristo.
a)      Jesus possuía um corpo humano.
Jesus de fato possuía um corpo assim como nós temos. Podemos observar que Ele nasceu como qualquer outra pessoa (Lc 2.7). Teve sua fase de infância normalmente: “ crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça, diante de Deus e dos homens” (2.40). A Bíblia mostra a humanidade de Cristo, como por exemplo: Ele ficava cansado(Jo 4.6); tinha sede (Jo 19.28) tinha fome (Mt 4.2); A caminho da crucificação foi preciso Simão Cirineu ajudá-lo a carregar a cruz (Lc 23.26), pois tamanho era seu cansaço; Após a ressurreição Jesus tinha um corpo humano de carne e osso, Ele disse: “vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”(Lc 24.39). Ele também comeu junto com os discípulos um peixe assado após a ressurreição(Lc 24.42-43). A diferença é que desta vez o seu corpo estava glorificado e já não mais limitado como antes, e graças a Deus por isto, pois temos esta esperança de um dia estarmos com Ele em um corpo transformado, onde as limitações humanas não mais existirão.
b)      Jesus possuía emoções humanas.                                             
Vemos declarações do próprio Senhor Jesus que indica que Ele possuía alma humana (ou espírito). Antes de ser crucificado, Ele declara: “ Agora está angustiada a minha alma”( Jo 12.27; Mt 26.38). “João adiante escreve: Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo13.21), nos dois textos é apresentada a palavra “angustiar” (tarassõ) que geralmente é empregada em referência a pessoas ansiosas ou que de repente são surpreendidas por um perigo. Em alguns momentos as emoções sentidas por Jesus eram tão fortes que ele chegou a ficar “admirado” com tamanha fé demonstrada pelo centurião (Mt 8.10); sua tristeza na morte de Lázaro, a ponto de chorar(Jo 11.35); e orou com o coração envolvido de emoções,pois ofereceu “com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte”.
        d) Jesus teve uma vida normal.
Antes da sua vida pública o trabalho fazia parte de sua vida, assim como José ( “seu pai”) era carpinteiro, Ele o era( Mc 6.3). Pode-se notar a normalidade da vida de Jesus quando Ele começa a sua vida ministerial (pregando, curando, expulsando demônios...), pois os seus irmãos não acreditavam nele (Jo 7.5 ); as pessoas de sua época começaram a se perguntar: “não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto”? (Mt 13.53-58).
         e) A impecabilidade de Jesus
Mesmo sendo 100% homem Ele não teve nem cometeu pecado algum Existem pessoas que tentam deturpar a verdade argumentando que Jesus não era verdadeiramente humano, pois todos os homens têm pecado, só de que estas pessoas se esquecem que Adão e Eva, na criação, eram sem pecado e totalmente humanos. É bom lembrar que Jeusus foi concebido pelo Espírito Santo e não do sêmen de um homem. A perfeição moral, significa não apenas que Cristo pode evitar o pecado (potuit non peccare),  e que de fato evitou, mas também que lhe era impossível pecar( non potuit peccare), devido á ligação essencial entre as duas naturezas humana e divina.
Conclusão: Desde que o homem pecou, era necessário que o homem sofresse a penalidade. Além disso, o pagamento da pena envolvia sofrimento de corpo e alma, sofrimento somente cabível ao homem. Era necessário que Cristo assumisse a natureza humana, não somente com todas as suas propriedades essenciais, mas também com todas as debilidades a que está sujeita, depois da queda, e assim, devia descer às profundezas da degradação em que o homem tinha caído. Ao mesmo tempo, era preciso que fosse um homem sem pecado, pois um homem que fosse, ele próprio, pecador e que estivesse privado da sua própria vida, certamente não poderia fazer uma expiação por outros. Unicamente um mediador verdadeiramente humano assim, que tivesse conhecimento experimental das misérias da humanidade e se mantivesse acima de todas as tentações, poderia identificar-se com todas as experiências, provações do homem e ser um perfeito exemplo humano para seus seguidores.




Natureza divina


Texto Bíblico:
Isaías 9.6 => Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz.
            Nesta passagem deixa explícita a divindade de Cristo, onde o Messias viria como menino e como uma dádiva de Deus, para ser governante(Lc 1.31-33). Seus atributos são descritos como Maravilhoso Conselheiro. Melhor, Conselheiro Maravilhoso. “Maravilhoso” geralmente significa sobrenatural (Jr 13.18), de modo que a frase se refere ao Messias como o Conselheiro sobrenatural que, em sua primeira vinda, traria palavras de vida eterna e, ao volta, reinará com sabedoria perfeita (Is 11.2). Deus Forte. Este termo é aplicado a Javé (Gn 2.4; Dt 10.17; Is 10.21; Jr 32.18) e prediz vitória final do Messias sobre o mal. Pai da Eternidade. Ou seja, Pai Eterno. O Messias é , para sempre, um pai para seu povo, protegendo, provendo e cuidando de suas necessidades. Príncipe da Paz. Aquele que traz no sentido mais completo, de saúde, prosperidade e tranqüilidade. O homem como indivíduo pode conhecer sua paz (Ef 2.13 – 18), e um dia o mundo a experimentará.
          Assim como Jesus é 100% humano, também é 100% divino.realmente o nosso Senhor é uma pessoa ímpar. Os judeus perguntaram: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão? Jesus disse: “em verdade em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8.57 – 58). Veja que a expressão “Eu sou” denota existência eterna absoluta, não apenas existência anterior à de Abraão. É uma reivindicação de ser o Javé do antigo testamento a reação dos judeus a esta suposta blasfêmia demonstrada que eles entenderam claramente o significado desta reivindicação de Cristo.
          Imagine alguém atribuindo a um profeta, ou uma pessoa qualquer, o título de Deus (Hb1.8-9), Filho de Deus (Mt 16.16; 26.61a), Senhor (Mt 22.43-45), Senhor dos Senhores (Ap 19.16). Jamais iríamos ouvir da parte de pessoas inspiradas por Deus tais afirmações. Você já ouviu falar de uma pessoa que os demônios se sujeitam (Onipotência: Poder sobre os demônios – Lc 4.35,36,41; todo poder lhe foi dado – Mt 28.18; Jo 10.28), onde as doenças cessam com a sua palavra ( poder sobre as doenças – Mt 8.16; 9.35), as pessoas não têm como se esconder dEle ( Onisciência: Jo 2.24; 4.16-19; 6.64; Mc 2.8; Lc 22.10-12;5.4-6), sua presença em todo lugares( Onipresença: Mt  28.20; 18.20; Ef 1.23), é imutável: ( Hb 13.8; 1.12), nunca foi criado ( Eterno: Cl 1.17; Jo 1.1; Mq 5.2; Is 9.6), é a vida: ( Jo 1.4; 5.26) e a pura verdade: ( Jo 14.6), somente à pessoa de Jesus como homem e Deus são atribuídas estas características divinas.Ele que disse que só ao Senhor teu Deus adorarás (Mt 4.10),aceitou adoração dos anjos ( Hb 1.6), dos homens (Mt 14.33) e por todos ( Fp 2.10).
Conclusão: A necessidade de sua divindade no plano divino de salvação era absolutamente essencial que o mediador fosse verdadeiramente Deus. Era necessário que (1) ele pudesse apresentar um sacrifício de valor infinito e prestar perfeita obediência à lei de Deus; (2) ele pudesse sofrer a ira de Deus redentoramente, isto é, para livrar outros da maldição da lei; e (3) ele pudesse aplicar os frutos da sua obra consumada aos que aceitassem pela fé. O homem, com a sua vida arruinada, não pode nem cumprir a pena do pecado, nem prestar perfeita obediência a Deus.
         É de máxima importância ser inteiramente versado nas provas Bíblicas em seu favor. As provas são tão abundantes que todos que aceitam a Bíblia como infalível palavra de Deus, não podem ter qualquer dúvida sobre este ponte.


Bibliografia


Louis Berkhof – Teologia Sistemática
Oscar cullman – Cristologia no novo testamento
Bíblia de estudo – Anotada Expandida
Bíblia de estudo – King James
Bíblia de estudo - Pentecostal
Apostila de Cristologia.STPC – Prof: Vagner Rodrigues




Um comentário:

  1. boa noite amigo, tudo bem?
    você poderia me informar o nome completo de Wendt, o qual é mencionado logo na parte superior do artigo?

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