Introdução
Desde os primeiros tempos, e mais
particularmente desde o Concílio de Calcedônia, a Igreja confessa a doutrina
das duas naturezas de Cristo. O concílio não solucionou o problema apresentado
por uma pessoa que era ao mesmo tempo divina e humana, mas somente procurou
afastar algumas das soluções que tinham sido oferecidas e que eram claramente
reconhecidas como errôneas. E a Igreja aceitou a doutrina das duas naturezas
numa pessoa, não porque tivessem completa compreensão do mistério, mas porque
viu claramente nela um mistério revelado pela palavra de Deus. Para a Igreja
ela foi e continuou sendo sempre um artigo de fé, muito acima da compreensão
humana. Não faltaram ataques racionalistas à doutrina, mas a Igreja permaneceu
firme na confissão desta verdade.
No século 18 em diante, filósofos e
teólogos tentaram individualmente resolver o problema apresentado por Cristo,
para poderem oferecer à Igreja um substituto da doutrina das duas naturezas.
Tomaram o seu ponto de partida no Jesus humano, e mesmo depois de um século de
meticulosa pesquisa, viram em Jesus nada mais que um homem dotado de um
elemento divino. Schleiermacher falava de um homem com suprema consciência de
Deus; Ritschl, de um homem com um valor de Deus; Wendt, de um homem que estava
em continuada e íntima comunhão de amor de Deus; Beyschlg, de um homem cheio de
Deus, e Sanday, de um homem com uma invasão do divino no subconsciente, mas
para eles, Cristo é e continuará sendo mero homem. Sem reconhecerem como seu
Senhor e Deus. Os teólogos importantes e influentes como Barth e Brunner, Edwin
Lewis e Nathaniel Micklem, não hesitam em tornar a confessar sua fé na doutrina
das duas naturezas. É de a máxima importância manter esta doutrina, nos termos
em que foi formulada pelo Concílio de Calcedônia e consta dos nossos padrões
confessionais.
A natureza humana de Cristo
Texto
bíblico
Isaías 7:14
=> Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá,
e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.
É de toda
importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar
os nossos pecados e assim nos salvar. Ele teria que ser numa só pessoa. Tanto
Deus como homem impecável (Hb 7.25 – 26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz
essas duas exigências. (a) A única maneira de ele nascer como homem era nascer
de uma mulher. (b) A única maneira de ele ser um homem impecável era ser
concebido pelo Espírito Santo (Hb 4. 15). (c) A única maneira de ele ser
deidade, era ter Deus como seu pai.
Através do
seu nascimento, Jesus torna possível a verdadeira humanidade sem a herança do
pecado.
·
Características
das fraquezas e limitações humanas na pessoa de Cristo.
a) Jesus possuía um corpo humano.
Jesus de
fato possuía um corpo assim como nós temos. Podemos observar que Ele nasceu
como qualquer outra pessoa (Lc 2.7). Teve sua fase de infância normalmente: “
crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça, diante
de Deus e dos homens” (2.40). A Bíblia mostra a humanidade de Cristo, como por
exemplo: Ele ficava cansado(Jo 4.6); tinha sede (Jo 19.28) tinha fome (Mt 4.2);
A caminho da crucificação foi preciso Simão Cirineu ajudá-lo a carregar a cruz
(Lc 23.26), pois tamanho era seu cansaço; Após a ressurreição Jesus tinha um corpo
humano de carne e osso, Ele disse: “vede as minhas mãos e os meus pés, que sou
eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos,
como vedes que eu tenho”(Lc 24.39). Ele também comeu junto com os discípulos um
peixe assado após a ressurreição(Lc 24.42-43). A diferença é que desta vez o
seu corpo estava glorificado e já não mais limitado como antes, e graças a Deus
por isto, pois temos esta esperança de um dia estarmos com Ele em um corpo
transformado, onde as limitações humanas não mais existirão.
b) Jesus possuía emoções humanas.
Vemos
declarações do próprio Senhor Jesus que indica que Ele possuía alma humana (ou
espírito). Antes de ser crucificado, Ele declara: “ Agora está angustiada a
minha alma”( Jo 12.27; Mt 26.38). “João adiante escreve: Ditas estas coisas,
angustiou-se Jesus em espírito” (Jo13.21), nos dois textos é apresentada a
palavra “angustiar” (tarassõ) que
geralmente é empregada em referência a pessoas ansiosas ou que de repente são
surpreendidas por um perigo. Em alguns momentos as emoções sentidas por Jesus
eram tão fortes que ele chegou a ficar “admirado” com tamanha fé demonstrada
pelo centurião (Mt 8.10); sua tristeza na morte de Lázaro, a ponto de chorar(Jo
11.35); e orou com o coração envolvido de emoções,pois ofereceu “com forte
clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte”.
d) Jesus teve uma vida normal.
Antes da sua vida pública o trabalho fazia parte de sua
vida, assim como José ( “seu pai”) era carpinteiro, Ele o era( Mc 6.3). Pode-se
notar a normalidade da vida de Jesus quando Ele começa a sua vida ministerial
(pregando, curando, expulsando demônios...), pois os seus irmãos não
acreditavam nele (Jo 7.5 ); as pessoas de sua época começaram a se perguntar:
“não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos
Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe
vem, pois, tudo isto”? (Mt 13.53-58).
e) A
impecabilidade de Jesus
Mesmo sendo 100% homem Ele não teve nem cometeu pecado algum
Existem pessoas que tentam deturpar a verdade argumentando que Jesus não era
verdadeiramente humano, pois todos os homens têm pecado, só de que estas
pessoas se esquecem que Adão e Eva, na criação, eram sem pecado e totalmente
humanos. É bom lembrar que Jeusus foi concebido pelo Espírito Santo e não do
sêmen de um homem. A perfeição moral, significa não apenas que Cristo pode
evitar o pecado (potuit non peccare), e
que de fato evitou, mas também que lhe era impossível pecar( non potuit
peccare), devido á ligação essencial entre as duas naturezas humana e divina.
Conclusão: Desde que o homem pecou, era necessário que o
homem sofresse a penalidade. Além disso, o pagamento da pena envolvia sofrimento
de corpo e alma, sofrimento somente cabível ao homem. Era necessário que Cristo
assumisse a natureza humana, não somente com todas as suas propriedades
essenciais, mas também com todas as debilidades a que está sujeita, depois da
queda, e assim, devia descer às profundezas da degradação em que o homem tinha
caído. Ao mesmo tempo, era preciso que fosse um homem sem pecado, pois um homem
que fosse, ele próprio, pecador e que estivesse privado da sua própria vida,
certamente não poderia fazer uma expiação por outros. Unicamente um mediador
verdadeiramente humano assim, que tivesse conhecimento experimental das
misérias da humanidade e se mantivesse acima de todas as tentações, poderia
identificar-se com todas as experiências, provações do homem e ser um perfeito
exemplo humano para seus seguidores.
Natureza divina
Texto Bíblico:
Isaías 9.6 => Porque um menino nos nasceu, um filho se nos
deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz.
Nesta
passagem deixa explícita a divindade de Cristo, onde o Messias viria como
menino e como uma dádiva de Deus, para ser governante(Lc 1.31-33). Seus
atributos são descritos como Maravilhoso Conselheiro. Melhor, Conselheiro
Maravilhoso. “Maravilhoso” geralmente significa sobrenatural (Jr 13.18), de
modo que a frase se refere ao Messias como o Conselheiro sobrenatural que, em
sua primeira vinda, traria palavras de vida eterna e, ao volta, reinará com
sabedoria perfeita (Is 11.2). Deus Forte. Este termo é aplicado a Javé (Gn 2.4;
Dt 10.17; Is 10.21; Jr 32.18) e prediz vitória final do Messias sobre o mal.
Pai da Eternidade. Ou seja, Pai Eterno. O Messias é , para sempre, um pai para
seu povo, protegendo, provendo e cuidando de suas necessidades. Príncipe da
Paz. Aquele que traz no sentido mais completo, de saúde, prosperidade e
tranqüilidade. O homem como indivíduo pode conhecer sua paz (Ef 2.13 – 18), e
um dia o mundo a experimentará.
Assim como
Jesus é 100% humano, também é 100% divino.realmente o nosso Senhor é uma pessoa
ímpar. Os judeus perguntaram: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?
Jesus disse: “em verdade em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu
sou” (Jo 8.57 – 58). Veja que a expressão “Eu sou” denota existência eterna
absoluta, não apenas existência anterior à de Abraão. É uma reivindicação de
ser o Javé do antigo testamento a reação dos judeus a esta suposta blasfêmia
demonstrada que eles entenderam claramente o significado desta reivindicação de
Cristo.
Imagine
alguém atribuindo a um profeta, ou uma pessoa qualquer, o título de Deus
(Hb1.8-9), Filho de Deus (Mt 16.16; 26.61a), Senhor (Mt 22.43-45), Senhor dos
Senhores (Ap 19.16). Jamais iríamos ouvir da parte de pessoas inspiradas por
Deus tais afirmações. Você já ouviu falar de uma pessoa que os demônios se
sujeitam (Onipotência: Poder sobre os demônios – Lc 4.35,36,41; todo poder lhe
foi dado – Mt 28.18; Jo 10.28), onde as doenças cessam com a sua palavra (
poder sobre as doenças – Mt 8.16; 9.35), as pessoas não têm como se esconder
dEle ( Onisciência: Jo 2.24; 4.16-19; 6.64; Mc 2.8; Lc 22.10-12;5.4-6), sua
presença em todo lugares( Onipresença: Mt 28.20; 18.20; Ef 1.23), é imutável: ( Hb 13.8;
1.12), nunca foi criado ( Eterno: Cl 1.17; Jo 1.1; Mq 5.2; Is 9.6), é a vida: (
Jo 1.4; 5.26) e a pura verdade: ( Jo 14.6), somente à pessoa de Jesus como
homem e Deus são atribuídas estas características divinas.Ele que disse que só
ao Senhor teu Deus adorarás (Mt 4.10),aceitou adoração dos anjos ( Hb 1.6), dos
homens (Mt 14.33) e por todos ( Fp 2.10).
Conclusão: A necessidade de sua divindade no plano divino de
salvação era absolutamente essencial que o mediador fosse verdadeiramente Deus.
Era necessário que (1) ele pudesse apresentar um sacrifício de valor infinito e
prestar perfeita obediência à lei de Deus; (2) ele pudesse sofrer a ira de Deus
redentoramente, isto é, para livrar outros da maldição da lei; e (3) ele
pudesse aplicar os frutos da sua obra consumada aos que aceitassem pela fé. O
homem, com a sua vida arruinada, não pode nem cumprir a pena do pecado, nem
prestar perfeita obediência a Deus.
É de máxima
importância ser inteiramente versado nas provas Bíblicas em seu favor. As
provas são tão abundantes que todos que aceitam a Bíblia como infalível palavra
de Deus, não podem ter qualquer dúvida sobre este ponte.
Bibliografia
Louis Berkhof – Teologia Sistemática
Oscar cullman – Cristologia no novo testamento
Bíblia de estudo – Anotada Expandida
Bíblia de estudo – King James
Bíblia de estudo - Pentecostal
Apostila de Cristologia.STPC – Prof: Vagner Rodrigues
boa noite amigo, tudo bem?
ResponderExcluirvocê poderia me informar o nome completo de Wendt, o qual é mencionado logo na parte superior do artigo?