A semente e o solo. Onde está o
problema?
A
partir do capítulo 13 de Mateus Jesus começa-lhes a ensinar por parábolas aos
seus ouvintes. Mas o que é parábola? São histórias do dia-a-dia que ilustram
realidades espirituais. As parábolas descrevem “os mistérios do reino dos céus”
(v.11). Para os judeus o reino não tinha nada de misterioso. Tratava-se de um
regime político permanente e terreno que colocaria o mundo inteiro sob o
governo do Messias de Israel. “Sabemos que Cristo não exerce a sua completa
vontade divina como Rei sobre toda a terra, ainda que, em última análise, seja
soberano; Ele governa como Rei somente sobre aqueles que creem”. O Senhor usou
uma metáfora bem conhecida. A agricultura era o próprio centro da vida judaica
e todos entendiam de semeadura e do cultivo de espigas. O semeador colocava uma
sacola com sementes ao ombro, e, à medida que ia e vinha pelos sulcos, tomava
punhados de sementes e as lançava ao chão. A semente caía no solo improdutivo
ou no produtivo: exemplos solos improdutivos:
À
Beira do Caminho (v.4)
A palestina era coberta de
campos. E esses campos não eram rodeados por cercas ou muros. Havia trilhas
estreitas em que viajantes de toda a parte utilizavam dessas trilhas. A terra
dessas trilhas era batida, comprimida, não cultivada, nunca arada nem
amolecida. O constante pisar dos pés transeuntes, bem como o clima seco,
compactava o solo dessas trilhas de tal maneira que se tornavam duro como
asfaltos. Assim as sementes lançadas não penetravam na terra. Lá ficava para os
passarinhos as comerem.
A
Pouca Terra (v. 5,6)
“Solo rochoso” não se refere
a um solo pedregoso; qualquer agricultor que cultivasse um campo removeria dele
todas as pedras que pudesse. Contudo por todo o Israel há uma camada de rochas
calcárias no subsolo. Em certos lugares, essa camada chega tão próxima à
superfície que restam apenas alguns centímetros até o topo. À medida que a
semente cai nesses lugares rasos e começar a germinar, suas raízes logo
alcançam essa camada rochosa, sem terem para onde expandir-se. As suas raízes
não podem aprofundar-se em busca de umidade e elas acabam mirrando bem antes de
poder frutificar.
O
solo praguejado (v.
7)
Este solo tem uma boa
aparência. Profundo, rico, argiloso, fértil. À época da semeadura parece que
está limpo e preparado. Mas existem nesse solo pragas escondidas sob a
superfície que sufoca a plantação. As pragas de uma determinada área sempre
leva vantagem sobre as plantas cultivadas. Se as pragas conseguirem espaço,
dominarão o solo. Elas brotaram juntamente com as plantas cultivadas, e
sufocara as cultivadas. Pois suas raízes são mais fortes e, portanto, absorvem
toda a umidade do solo.
O
solo Bom (v. 8)
Este solo é fofo, ao
contrário daquele da beira do caminho. É profundo, o que não acontece com o
rochoso. E é limpo, diferentemente do solo infestado de pragas. Aqui a semente
germinar para a vida e produz enorme colheita, a cem, a sessenta e a trinta por
um.
Aforismo:
Deus não nos manda criar a nossa própria semente ou mensagem. A sua palavra é a
única boa semente. Não existe evangelismo divorciado da palavra de Deus.
A questão principal, nesta
parábola, não é que haja alguma falha no semeador ou em seu método, e nem na
semente. O problema é a condição do solo. Todos os solos poderiam receber a
semente, se tivessem sido preparados da maneira apropriada. Mas o terreno que
não é bem preparado nunca produz. O mesmo acontece com o coração do humano. Um
coração que não foi preparado de forma correta nunca produzirá fruto
espiritual.
O
Coração Embrutecido
O solo da beira do caminho
ilustra o coração estúpido, insensível, apático, distante, indiferente,
negligente, e até hostil. Aqui o Senhor nos alerta para o fato de que o coração
humano pode ficar tão apertado e batido pelo transitar do pecado que se torna
completamente insensível ao evangelho. Este é o coração que não conhece
arrependimento, nem tristeza pelo pecado, nem culpa, e nem se preocupa com as
coisas de Deus. Pelo contrário, deixa-se destruir por um cortejo interminável
de pensamentos sujos, de pecados prediletos, e atividades ímpias. Pode-se
derramar uma chuva de sementes sobre eles, mas não adianta. As sementes não penetram
no solo, não demora até que satanás venha e as arrebate completamente.
O
coração superficial
O solo raso ilustra a reação
de um coração impetuoso e superficial. Este tipo de coração é entusiasta, porém
superficial. Existe uma reação positiva, mas que não é fé salvadora. Não há
meditação, não se avalia o custo. Trata-se de um entusiasmo rápido, eufórico,
emocional, instantâneo. A reação superficial é epidêmica entre os crentes do
século XXI. Por quê? Eu mesmo respondo; geralmente se apresenta o evangelho com
a promessa de alegria, calor, comunhão e bem-estar, sem a dura exigência de se
tomar a cruz pessoal e seguir a Cristo. Os convertidos não são confrontados com
as questões do pecado e arrependimento. Em vez disso, são encorajados a entrar
no clube de Jesus para gozar as coisas boas que se lhes prometem. Se a sua fé
não surgir de um profundo senso de que se está perdido, se não é acompanhada
por uma convicção interna de pecado, se não inclui um tremendo desejo de que
Senhor limpe, purifique e oriente se não envolve uma disposição para negar-se a
si mesmo, para o sacrifício e para sofrer por amor a Cristo, então essa sua fé
não tem raiz apropriada. Será apenas uma questão de tempo até que seu
crescimento floresça, e rapidamente murcha e morra.
O
coração Mundano
O solo praguejado representa
o coração o ocupado com as coisas do mundo. Esta é a descrição perfeita do
homem mundano, de quem vive para as coisas deste mundo. Tal pessoa é consumida
pelos cuidados deste século. Seu principal objetivo é uma carreira, uma casa,
um carro, um hobby ou roupas. Para ela, prestígio, aparência e riquezas são
tudo na vida. Por algum tempo, se parecem exatamente com os demais crentes. Vêm
à igreja, identificam-se com o povo de Deus, mostram até mesmo sinais de crescimento.
Mas nunca produzem fruto espiritual. Eles não se comprometem, e estão sempre
preocupados com os prazeres do mundo, dinheiro, trabalho, fama, prosperidade ou
com os desejos da carne. Dizem-se crentes, mas não se preocupam nem um pouco em
viver uma vida pura. A semente que germinou com tão boa aparência por fim
torna-se sufocada pelos espinhos do mundanismo. Não devemos servir a dois
senhores como está registrado em Mateus 6.24: “Não podeis servir a Deus e às
riquezas”. E também em 1Jo 2.15: “se alguém amar o mundo, o amor do Pai não
está nele”.
Os
Inimigos do semeador
As pragas, o sol e as aves
representam nesta parábola os nossos inimigos. As pragas são “os cuidados do
mundo e a fascinação das riquezas”. (v. 22). O sol “a angústia ou a
perseguição”. E as aves figuram “o maligno”, satanás, que tudo faz para roubar
a semente do evangelho antes mesmo que possa germinar.
·
Eis uma lição para o semeador: você
enfrentará resistência e hostilidade. Haverá convertidos superficiais, de curta
duração. E pessoas de coração doble, que dejesam ter Jesus, mas que não
abandonam o mundo. A dureza do caminho, a superficialidade do solo e a
agressividade das pragas frustrarão os seus esforços por semear uma boa
lavoura. Ainda assim te digo: coragem! O Senhor da seara pode quebrar mesmo o
solo mais endurecido e livrá-lo das piores pragas. Deus pode arar o solo do
coração mais teimoso. Pode ser que as aves estão prestes a arrebatá-las, o
Espírito Santo vem e a enterra, de forma que a semente brota para dar fruto
glorioso.
O
Coração Receptivo: Olhar para os três tipos de solo ruim, que
produzem resultados indesejáveis, pode ser desanimador. Mas ainda há o bom
solo, que representa o coração receptivo. Este dará fruto abundante.
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